Como Determinar se um Banco de Potência está Calibrado

Como Determinar se um Banco de Potência está Calibrado

Existe uma grande discrepância de valores de potência medidos em diferentes bancos de prova. Às vezes é uma diferença involuntária e outras vezes é voluntária. Neste artigo contamos como perceber se o valor de potência que nos entregam é real ou não.

Ao longo deste artigo vamos nos referir a bancos de prova COM dinamômetro, já que é o único tipo de banco de provas que pode ser calibrado adequadamente. Os bancos de prova inerciais são impossíveis de calibrar corretamente a menos que possuam um dinamômetro associado (vou explicar isso em um artigo futuro).

A potência surge da combinação do torque e RPM segundo a fórmula de potência que pode ser observada na imagem de capa.

Onde:

T: Torque em quilogramas-metro (Kgm)

RPM: velocidade de giro do motor em revoluções por minuto

P: Potência em CV

Como vemos, a potência é obtida ao multiplicar o torque pelas RPM. Portanto, se medirmos algum desses valores com erro, também vamos medir a potência com erro (há outra fonte de erro que veremos mais adiante).

As RPM são medidas de forma digital e é raro que tenham um erro importante, já que geralmente não são calibradas.

A contribuição da célula de carga para os valores de medição

Os bancos de prova dinamométricos utilizam para a medição uma célula de carga, que é um dispositivo eletrônico que converte a força que o dinamômetro está realizando em um sinal elétrico que é lido pelo sistema. Este elemento requer necessariamente uma calibração, e aí é onde pode estar o erro mais importante.

O procedimento de calibração da célula de carga requer que se pendure um peso de valor conhecido no braço de calibração do dinamômetro. A finalidade disso é gerar um torque de valor conhecido tal qual o que seria produzido pelo motor em funcionamento.

O torque é Força x Distância, portanto o torque que deve gerar o peso conhecido é igual a seu peso em quilogramas multiplicado pelo comprimento do braço de calibração até o centro de rotação do eixo (não importa onde esteja a célula de carga).

Se o banco de potência for alugado: leve um peso

Para fins práticos, se você alugar um banco de provas, deverá levar um peso de valor conhecido e pendurá-lo no braço de calibração.

Na tela do sistema você deve ler ZERO quando o peso não está montado e deve ler o torque em quilogramas-metro ou Newton-metro ou libras-pé, correspondente a esse peso quando o peso estiver pendurado (lembre-se: força em kg x distância em metros). É importante que você leia o valor de potência SEM CORRIGIR pelos fatores climáticos, já que estes não afetam o peso de calibração de nenhuma forma.

Se você suspeita que as RPM medem mal, utilize um tacômetro preciso (digital) para comparar a leitura. Leve em conta que alguns tacômetros analógicos, inclusive os Autometer, têm erros de mais de 200 RPM!

A calibração dos fatores de correção atmosférica

Outro fator que pode influenciar no valor de potência é o fator de correção atmosférica. O valor desta correção dependerá da temperatura, umidade e pressão ambiente. Certifique-se de que o sistema no qual você está fazendo o teste possua estas entradas, seja de forma manual ou automática. SEMPRE EXIJA QUE NO RELATÓRIO DE POTÊNCIA CONSTEM ESTES DADOS:

  • Valor de Temperatura, Umidade e Pressão no momento de realizar o ensaio
  • Norma utilizada para efetuar a correção (use sempre a SAE J1349, é a mais moderna e precisa)
  • Valor do fator de correção aplicado. O valor deve ser próximo a 1,0 (entre 0,95 e 1,05 aproximadamente)
  • Se possível, que lhe entreguem tanto a potência corrigida como sem corrigir.

PARA FINALIZAR QUERO ESCLARECER QUE ESTA REGRA SE APLICA SOMENTE ÀS MEDIÇÕES EM PONTOS FIXOS. ISSO IMPLICA QUE A LEITURA DE POTÊNCIA DEVE SER REALIZADA A RPM CONSTANTE. NO MOMENTO DE TOMAR A AMOSTRA, O PONTEIRO DO TACÔMETRO DEVE TER ESTADO ESTABILIZADO POR UNS 10 SEGUNDOS.

Conclusões

A maioria dos usuários de bancos de prova, por questões de comodidade e praticidade, realiza ensaios por varredura de aceleração (ou desaceleração). Embora seja uma forma rápida de fazer o teste, é um método que gera erros de medição devido ao fato de que o motor está submetido a uma carga INERCIAL além da carga dinamométrica.

Muitos bancos de prova NÃO MEDEM a carga inercial e é por isso que a potência medida em um ensaio ascendente é menor que a potência medida em um ensaio descendente.

A medição de potência normalizada é aquela medida ponto a ponto, com as RPM estabilizadas pelo menos 10 segundos em cada ponto de RPM.

No próximo artigo, explicarei algo mais sobre o efeito da inércia nos testes.

Accudyno possui atualmente uma compensação inercial que permite realizar ensaios por varredura com os mesmos resultados que o teste em pontos estabilizados.